Campeonato Estadual é o que importa!

Janeiro marca o inicio do calendário futebolístico do país e, conforme acontece nos últimos anos, com jogos dos agora chamados campeonatos regionais. 

O modelo de organização (?) do futebol brasileiro, conforme um espelho da própria realidade do país, modificou-se muito nos últimos anos. Até meados da década de 90, metade do calendário era reservado aos estaduais e a outra, ao campeonato brasileiro. Durante alguns anos, inclusive, o campeonato brasileiro foi disputado no primeiro semestre, e os estaduais no segundo.

Os regulamentos de alguns torneios eram de uma complexidade impressionante. Houve um campeonato catarinense na década de 80 que previa seis turnos!!! Óbvio que não conseguiu ser concluído no mesmo ano. 

Alguns campeonatos brasileiros também não conseguiram começar e terminar no mesmo ano. Os torneios de 1977 e 1986, ambos conquistados pelo São Paulo, só foram concluídos no exercício seguinte. Fruto do excesso de jogos, de times, de chaves.

A realidade dos últimos tempos mostra a prevalência do Campeonato Brasileiro, que começa em abril e termina no final do ano. Restou aos torneios estaduais cerca de três meses para definir seu vencedor. 

Esse processo crescente de desvalorização dos regionais é alimentado por depoimentos de dirigentes e de alguns cronistas esportivos, que enfatizam os prejuízos que sofrem os clubes em disputa. 

A competição, é verdade, conta com times pequenos e há poucos clássicos entre equipes tradicionais de maior torcida, o que gera menores ganhos oriundos de bilheteria e cotas de transmissão pela TV, em comparação com o Brasileirão. 

Contudo, nada disso ofusca a atenção que os torcedores reservam a uma conquista desse porte. Não há como negar o alívio da torcida santista com o título estadual de 2006, 22 anos após a última conquista. Cabe lembrar que, durante este período, o clube conquistou um torneio Rio-São Paulo (1997), uma Copa Conmebol (1998), dois títulos nacionais (2002 e 2004), e um vice-campeonato da Taça Libertadores (2003). 

O que dizer então dos títulos do Corinthians em 1977 e do Botafogo em 1989, após mais de duas décadas sem conquistas? Épicas, emocionantes, inesquecíveis. 

Apesar disso, há inclusive quem defenda o fim dos estaduais, o que possibilitaria um rearranjo de datas do campeonato nacional, de tal forma que as rodadas de meio de semana seriam em menor número, o que privilegiaria períodos de treinamentos táticos e preservaria os atletas de contusões causadas pelo excesso de jogos. 

Esse raciocínio, apesar de justificável, minimiza um sentimento que é muito forte no futebol: a rivalidade regional. 

E esse sentimento é tão evidente que acabou influenciando o resultado dos dois últimos campeonatos nacionais. Em 2009, o Flamengo enfrentou o Grêmio na última rodada. Empate ou vitória do tricolor gaúcho daria o título ao Internacional de Porto Alegre. Fla campeão. 

Em 2010, o Fluminense enfrentou na reta final uma sequência contra times paulistas, em sua disputa contra o Corinthians. Cenas inusitadas de palmeirenses e sãopaulinos nas arquibancadas torcendo contra seus próprios clubes em favor do tricolor carioca não foram raras. Flu campeão. 

Tanto é assim que a CBF estuda, para o Brasileiro de 2011, a possibilidade de concentrar os clássicos estaduais nas últimas rodadas. 

A rivalidade local é tão verdadeira que fez com que alguns narradores parassem de alardear que um time brasileiro em disputa internacional era o Brasil em campo. Ora, é só perguntar aos torcedores do Grêmio se ficaram tristes com os resultados do Mundial Interclubes 2010. 

Portanto, que venham os campeonatos estaduais. E seus campeões.

Outros posts sobre o tema:

Bonsucesso é time grande!https://pontedapassagem.wordpress.com/2011/01/28/bonsucesso-e-time-grande/

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Publicado em 22/01/2011, em Esporte Clube e marcado como , , , , , . Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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